terça-feira, 21 de agosto de 2007

o ritual em si.. e tal..

Noite de lua cheia, noite sem lua, noite fria, noite quente. Tanto faz. O importante é celebrar e prestigiar a vida, a existência, tudo o que está ao nosso redor e que faz parte de nossas vidas efêmeras e insignificantes perto do que veio antes de nós.

Para começar o ritual, é preciso ter a mente vazia, ter uma paz interior para evitar que conseqüências desastrosas (choradeiras SINISTRAS e/ou bad trips ESPARRADAS) aconteçam. É preciso, também, ter auto-conhecimento: saber até onde ir em relação às incursões filosóficas e assuntos debatidos (na verdade, é preciso saber até quantos engradados entornar antes ser chamado de Bob Esponja). Além disso, ser alguém humilde de alma e mente é deveras necessário para que as discussões ocorram pacificamente (só não pode ser humilde na hora dos 10 por cento, caso contrário, o indivíduo é banido das reuniões etílicas). E acima de tudo, é preciso ter XVIII anos, véi. Afinal, taverna alguma deste reino iria patrocinar uma bebedeira INFANTO-JUVENIL.

Colocados os pontos iniciais, avancemos para a parte SINISTRA.

Resumidamente falando, o ritual começou com filósofos do mundo antigo que, ao se juntarem periodicamente em certas tavernas do reino para meras reuniões etílicas, começaram a perceber que seus trabalhos, suas publicações, suas rotinas haviam sido, de certa forma, influenciados de uma ótima maneira pelo santo líquido dourado (em uma publicação posterior, o início de tudo será devidamente explicado e detalhado aqui no etilicamente falando...). Este costume foi passado de geração para geração até os dias atuais, onde nós (eu, Heráclides e Heródites) damos continuidade a tudo o que vem sido feito desde os primórdios.

Ao chegarmos à taverna escolhida para realizar o ritual, são feitas reverências ao deus etílico Baco, que provém os filósofos etílicos com o melhor líquido sagrado do reino. Logo após as reverências, uma mesa bem localizada é escolhida (i.e., uma mesa perto de ninfas, por trazerem bons fluidos). Após a escolha da mesa, é feito o pedido para o servo da taverna. Nesta hora, é importante sentir o ambiente (sons, cheiros, etc.), pois muitas vezes estes detalhes irão inspirar os filósofos. Quando o mais sagrado dos líquidos chega à mesa, é feita uma oferenda à Baco, seguido de uma recitação:

"Deus Baco todo poderoso
Provedor do líquido salvador
Embebedar-nos-emos em teu nome
Como meros seguidores deste amargor

Deus Baco todo poderoso
Nos livrais das pragas dos boêmios
Que nossos cálices estejam sempre cheios
Que nunca viremos filósofos abstêmios"

Logo após estes procedimentos, os filósofos brindam e finalmente banham suas gargantas com o líquido dourado, que mata qualquer sede, que traz paz para qualquer mente, que faz com que o degustador entre em alfa. O primeiro gole é muito importante, pois é nessa hora que são externadas as primeiras sensações ao entrar em contato com tal manjar ("Taquipariu, tava precisando disso", ou então "Naasssa, tá descendo igual aguinha, véi"). Após o primeiro gole, tudo muda: o inconformismo vem à tona. Vários assuntos são debatidos de forma virtuosa, combatendo todo o tipo de saturação, de conformismo, de lugares comuns, de pedantismo, de procrastinação, de corrupção, de falta de caráter, etc. Mas não são feitas só críticas: é neste momento, também, que os filósofos apreciam e ovacionam as boas e prazerosas coisas da vida: música, cultura contemporânea, cultura mundial, acontecimentos SINISTROS e CABULOSOS que fazem parte de suas vidas e por fim, logicamente, futebol, cerveja e mulher.

Todos os elementos que rodeiam o ritual em si são importantes, mas o mais importante de tudo é a aura que a taverna tem, a aura que todo o ritual tem; o que quero dizer é que tudo isso poderia ser feito em qualquer recinto sob quaisquer circunstâncias, mas a energia que a taverna, que a mesa da taverna e, até mesmo, que a roda de conversa, incursões e debates têm, é algo incompreensível. É um mundo paralelo que está dentro do seu alcance. É onde você se encontra. É o lugar onde você pode ser você mesmo. Resumidamente, é o lugar onde você entra em contato com o lado mais sincero e honesto das pessoas.

E não se esqueçam, véis: "Se a taverna é boa, o chopp é barato".